Coca-Cola, obesidade e publicidade infantil
Agências de notícias nacionais e internacionais e os principais veículos de comunicação do Brasil e do mundo informam nesta sexta-feira a decisão da Coca-Cola de não mais veicular propaganda voltada para crianças.
A Coca-Cola, que é tida como uma das “vilãs” mundiais da obesidade, anunciou na última quarta-feira uma série de medidas de prevenção e/ou controle da obesidade, em âmbito mundial. Uma das medidas é a de não mais fazer publicidade infantil.
O conjunto de ações, segundo a empresa, prevê a diminuição do nível de calorias de seus produtos, a informação do valor energético na frente das embalagens e o patrocínio a programas de estímulo a atividades físicas e práticas esportivas.
"A obesidade é o problema de saúde mais desafiador, que afeta praticamente todas as famílias e populações", reconhece Muhtar Kent, diretor da Coca-Cola Company, em nota oficial. "Nosso foco é tornar a empresa parte de uma solução para as grandes questões de saúde do século 21”, diz Marco Simões, vice-presidente da empresa no Brasil.
Apesar de divulgar que não vai mais focar no público infantil, alguns elementos da propaganda da empresa que atraem crianças vão continuar existindo, segundo a imprensa. Os tradicionais comerciais feitos com os ursos polares, por exemplo, não serão abandonados. A argumentação da empresa é de que essas peças não são voltadas diretamente para as crianças, mas sim para as famílias.
“Temos estudos que mostram que, em média, no Brasil, o refrigerante corresponde a 7% do consumo real diário de calorias das famílias”, afirma o vice-presidente da companhia no Brasil, Marco Simões. “Não é uma quantidade irrelevante, mas é pouca com relação ao total", argumenta.
Logo após o anúncio mundial da Coca-Cola, o Instituto Alana, entidade que atua na defesa dos direitos das crianças, e que faz parte do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), divulgou nota parabenizando a companhia pela decisão.
“O Instituto Alana vem por meio deste comunicado parabenizar o compromisso global da Coca-Cola para o combate à obesidade, que inclui, entre outras medidas, o fim do direcionamento de publicidade a crianças de até 12 anos”, informa a nota oficial da entidade.
De acordo com o instituto, “o anúncio acontece em um momento de ampla reflexão sobre a responsabilidade empresarial em questões de impacto social”. Para a entidade, “a inciativa da Coca-Cola reconhece que as estratégias de marketing têm forte impacto nas decisões de consumo e que é preciso fazê-las de forma responsável”.
No Brasil, embora estudos e pesquisas revelem os efeitos da propaganda sobre as crianças, e apesar do avanço da obesidade infantil e de apelos e campanhas de centenas de entidades da sociedade civil, o mercado publicitário, as empresas anunciantes e os veículos de comunicação têm adotado sistemática posição contrária a qualquer tentativa de se regular a matéria.
No Brasil, embora estudos e pesquisas revelem os efeitos da propaganda sobre as crianças, e apesar do avanço da obesidade infantil e de apelos e campanhas de centenas de entidades da sociedade civil, o mercado publicitário, as empresas anunciantes e os veículos de comunicação têm adotado sistemática posição contrária a qualquer tentativa de se regular a matéria.
Em todas as suas instâncias e conferências, o Consea tem deliberado insistentemente pela necessidade de se regular a publicidade de alimentos dirigida às crianças, por entender que estas formam um público vulnerável aos apelos da propaganda.
O documentário “Muito Além do Peso”, filme dirigido por Estela Renner e que foi exibido no Consea no final de fevereiro, mostrou o preocupante avanço da obesidade infantil no Brasil e no mundo, expondo de forma contundente a responsabilidade do Estado, família, escola, mercado publicitário, anunciantes e meios de comunicação.
“O Instituto Alana espera que o anúncio [da Coca-Cola] provoque uma reação em todo o mercado e que, de alguma forma, possa contribuir para uma revisão profunda sobre a conduta das empresas diante dos cidadãos, trazendo valores mais éticos e transparentes”, diz a nota da entidade.
Fonte: com informações de agências de notícias
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