Conselho planeja afastar Eduardo Cunha do cargo
A cúpula do Conselho de Ética traça uma estratégia para pedir ao plenário da Câmara o afastamento do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de processo de cassação no conselho, que tem usado seu cargo para manobrar pelo adiamento do processo. A ideia é entrar com um projeto de resolução no próprio conselho pedindo o afastamento cautelar de Cunha, sob argumento de que está usando a máquina para emperrar o processo. Caso aprovado no conselho, o projeto iria para o plenário. "Se eu puder ir ao papa para afastar o Cunha, eu vou", declarou o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA).
Em mais uma manobra para atrasar o processo de cassação de seu mandato, Cunha conseguiu ontem destituir o relator do processo no conselho, deputado Fausto Pinato (PRB-SP), protelando mais uma vez a tramitação. Cunha usou o vice-presidente da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), para obter uma decisão da mesa diretora que destituiu Pinato da relatoria. Tanto Cunha como Waldir Maranhão são investigados na Lava Jato. Araújo escolheu como novo relator do processo, o deputado Marcos Rogério (PDT-RO). Ele deve manter o voto pela admissibilidade do processo de cassação contra Cunha. Araújo afirmou que irá votar o relatório na próxima terça-feira, mas os aliados de Cunha tentarão novamente adiar a votação.
Diante das ameaças de ser afastado, Cunha protocolou um documento no Supremo Tribunal Federal (STF) se defendendo das acusações de que está usando seu cargo para atrapalhar o processo de sua cassação. Na petição, a defesa de Cunha diz que ele está apenas exigindo que seja respeitado o devido processo legal no conselho e diz que as reclamações sobre suas manobras se devem a "divergências exclusivamente políticas".
AMEAÇA DE MORTE
"Eu cheguei a pensar que eu poderia morrer, sim." Assim o deputado Fausto Pinato (PRB-SP), em seu primeiro mandato, resume as pressões que passou a sofrer desde que foi escolhido como relator do processo de cassação de Cunha. Pinato afirmou que sofreu ameaças de morte e registrou um boletim de ocorrência confidencial junto à Secretaria de Segurança de São Paulo. E detalhou: "Falaram para pensar na minha família, que eu tinha filho pequeno, filha pequena, irmão pequeno". Diz que também fez uma representação ao Ministério da Justiça.
Aguirre Talento, Ranier Bragon, Daniela Lima e Gustavo Uribe
Folhapress
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