Assim como Sapopema, São Jerônimo da Serra também depende da renda do comércio, de pequenos serviços e dos salários de aposentados para sobreviver
A falta de grandes empresas que funcionem como âncoras para o desenvolvimento econômico faz com que cidades como Sapopema e São Jerônimo da Serra, no Norte Pioneiro, dependam da renda do comércio, de pequenos serviços e dos salários de aposentados para sobreviver. "Os empregos que temos são em cooperativas agrícolas ou em empresas que recolhem grãos, que dá no máximo 20", diz o prefeito de São Jerônimo, João Ricardo de Mello.
Na região, Mello conta que há algumas madeireiras, que fornecem lenha para caldeiras de indústrias de outras cidades, mas sem gerar carteiras assinadas. "Talvez nosso problema seja logístico, de distância para grandes centros. Já conversei para tentar a vinda de uma serralheria e de uma sementeira, tentei trazer um frigorífico de frango, mas acho que o pessoal não achou viável", explica o prefeito. São 14 empregos industriais em 960 registrados na cidade, segundo levantamento da reportagem.
Proprietário de uma farmácia em São Jerônimo, Juan Guillen Pons resume a situação. "Moro há 50 anos aqui e a cidade vive de aposentadorias. Não temos indústria, empregos, nada. Os jovens que estudam vão embora porque não têm o que fazer na cidade."
O sentimento é o mesmo para o aposentado Valdevir Cordeiro, de Sapopema. "Siqueira Campos, que não é grande, já é melhor do que aqui porque tem empregos para todos, em abate de frangos, em empresa de corte e costura. Aqui, a maioria é aposentado, então vamos sobrevivendo", diz o morador, ao citar município de 20 mil habitantes que está 140 km distante.
Cordeiro faz fretes de moto para complementar a renda, porque diz que um problema cardíaco o impede de esforços físicos. O filho do aposentado trabalha em uma das seis indústrias cerâmicas que, por mais que sejam responsáveis pela maioria dos 267 registros em carteira do setor do município, não garantem desdobramentos em outras atividades. "É um serviço pesado, mas agradeço porque ele teve cabeça e está lá há sete anos, ou teria de ir embora", diz o aposentado.
Chefe de gabinete na Prefeitura de Sapopema, Cláudio Edison da Costa afirma que uma fábrica de pães também surgiu a partir de uma padaria local, o que tem contribuído para gerar renda. Porém, ele diz que é pouco para garantir uma arrecadação que permita fazer com que a cidade cresça. "Nossa população é de mais ou menos 7 mil pessoas e o comércio está bem parado. As lojas diminuíram o número de funcionários", conta. Ele também acredita que um frigorífico poderia ser a solução para região. "Uma indústria ou uma grande empresa poderia ajudar o município ou dar emprego até para umas quatro cidades", sugere Costa.
A costureira e balconista de loja de roupas Maria Laide Melo Carneiro, também de Sapopema, diz que as vendas mal garantem os custos do negócio. "Foi-se o tempo em que guardávamos alguma coisa no fim do mês. O comércio está parado. Se ao menos tivéssemos uma empresa grande aqui..."
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