GOLPE DOS NUDES: QUADRILHA GANHOU MAIS DE R$ 500 MIL COM EXTORSÃO
Uma quadrilha acusada de praticar crimes de “sextorsão”, o chamado “golpes dos nudes" é alvo de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O grupo que já faturou mais de R$500 mil, com depósitos de mais de 15 vítimas de diversos estados. Na manhã desta sexta-feira (29/4), investigadores encontraram, na conta principal que os criminosos utilizavam, depósitos de diferentes quantias, que variam de R$ 4 mil a R$ 220 mil,.
Equipes da 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte) foram até a cidade de Campo-Bom (RS) para cumprir mandados de busca e apreensão. De acordo com a corporação, o modus operandi da quadrilha funcionava da seguinte forma: os criminosos selecionam as vítimas em potencial nas redes sociais, através de critérios como faixa etária e status social. Eles fazem contato por mensagem e iniciam o assédio.
Passando-se por uma mulher bonita, um criminoso finge interesse, faz elogios e pede o contato de WhatsApp da vítima, na intenção de manterem contato de forma mais reservada. A pessoa acaba cedendo e passa a manter conversas íntimas com a suposta mulher, acreditando tratar-se de outra adulta.Nessas conversas, a suposta mulher passa a enviar nudes e solicitar o mesmo. Depois que a vítima está completamente envolvida, os supostos pais da mulher aparecem e passam a dizer que a pessoa estava, na verdade, conversando com uma adolescente de apenas 13 anos. Ameaçando escândalo, os criminosos passam a extorquir as vítimas, pedindo altas quantias. Quando as vítimas resistem em fazer os depósitos, para dar credibilidade ao teatro, enviam vídeos nos quais os supostos pais da menina estão na polícia falando com o Delegado.
Outras vezes, os criminosos também ligam fingindo ser da própria polícia e solicitam o dinheiro para arquivar a ocorrência. Quando as vítimas efetuam o pagamento de altos valores, os criminosos enviam um vídeo no qual quebram um celular com martelo, dizendo que o aparelho seria da suposta mulher e a vítima poderia ficar tranquila, pois a mensagem teria sido destruída.Os vídeos já foram usados diversas vezes por outros grupos presos. Eles são comprados na internet e usados por outros grupos no mesmo modus operandi. De acordo com a Polícia Civil, ainda existem vítimas caindo na mesma história. Em vídeo (veja abaixo), o delegado Erick Sallum, delegado da 9ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) faz o alerta: “Pedimos a ampla publicação desses vídeos para que a população fique ciente de que são teatrais e mentirosos”, informou.
Em nota, a corporação também faz o alerta: “A PCDF tem sistematicamente deflagrado operações interestaduais para combater crimes cometidos por indivíduos localizados em outros estados contra residentes nesta capital. A presente operação é mais uma prova de que cometer esse crime no DF não é um bom negócio. Tentamos demonstrar à população que vale a pena registar um B.O, pois não mediremos esforços para dar uma resposta às vítimas”.
InvestigaçãoA investigação se iniciou para apurar a ocorrência de uma vítima do DF que teria pago cerca de R$ 15 mil ao grupo. A apuração da Polícia Civil descobriu indícios de pelo menos outras 15 vítimas, espalhadas pelos estados de Minas Gerais (MG), Mato Grosso do Sul (MS) e Mato Grosso (MT), Goiás (GO), Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS). Uma das vítimas chegou a pagar cerca de R$ 220 mil ao grupo. Outras optaram por não registrar ocorrência em seus estados por sentirem-se envergonhadas. Os valores eram depositados de maneira fragmentada, em dezenas de contas, que depois eram concentradas em um criminoso, alvo das buscas desta manhã.
O autor do crime sacava os valores em caixas eletrônicos e repassava para terceiros ainda desconhecidos. Os responsáveis pelos envios das mensagens usaram servidores internacionais para manterem-se camuflados. Com as informações obtidas nas buscas e, em especial, o depoimento do investigado, a investigação será encaminhada às demais Polícias Judiciárias dos estados envolvidos. Todos os envolvidos serão indiciados por extorsão, organização criminosa e lavagem de dinheiro com penas somadas que podem alcançar cerca de 26 anos de reclusão.
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