A REPENTINA PREOCUPAÇÃO DOS BOLSONARISTAS COM O TETO DE GASTOS
Lideranças do governo Bolsonaro que incentivaram e apoiaram o rombo dos últimos quatro anos no teto de gastos têm demonstrado uma repentina preocupação com a responsabilidade fiscal.
O alvo dos bolsonaristas é o anteprojeto da PEC da Transição que o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, enviou ao Congresso. O texto propõe a retirada do Bolsa Família do teto de gastos por prazo indeterminado. A coordenação do futuro governo de Lula prevê que a medida abrirá R$ 175 bilhões no orçamento de 2023.
O ministro das Comunicações, Fabio Faria, disse que a PEC “já está fazendo estragos e vai custar caro para o Brasil” e que o atual governo ampliou programas sociais com responsabilidade fiscal. Nos bastidores do Palácio do Planalto, Faria era um dos principais opositores à política econômica austera de Paulo Guedes.
Um levantamento divulgado na quinta-feira (17/11), pela jornalista Mariana Schreiber, mostrou que Bolsonaro furou o teto de gastos em R$ 794,9 bilhões nos quatro anos de governo. O cálculo foi feito pelo economista Bráulio Borges, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).
Antes da derrota de Bolsonaro, a responsabilidade fiscal não preocupava o deputado Sóstenes Cavalcante, o líder da bancada evangélica. Agora, no Twitter, Sóstenes manifesta preocupação com os mais pobres e afirma ser “uma vergonha um rombo dessa monta antes mesmo do governo começar”.
Outros símbolos do bolsonarismo fizeram o mesmo. Eduardo Bolsonaro escreveu que os mais pobres “se darão mal” com a PEC. Já o deputado Carlos Jordy afirmou que a “indiferença com o mercado e [o] desprezo pelo teto de gastos afetaram a economia, que sinaliza um iminente colapso”.
Líder do governo no Senado, Carlos Portinho faz campanha vigorosa contra o projeto, chamado por ele de “PEC do Fim do Teto”. Já o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, está há dias dizendo que não será dado um “cheque em branco” para o futuro governo gastar nos próximos quatro anos.
Enfim, a hipocrisia.
Guilherme AmadoEdoardo Ghirotto Metropoles
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